segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Entardecer

Hoje não tem poema.
Apenas o sangue que
sufoca,
apenas as pílulas de fuga
entre os minutos
onde me perco.

Meu corpo é a cápsula de um degredo
secreto ao qual fui condenada.
Porém eu me rasgo, derramo e mergulho
em busca das costas desejadas.

Sou a escuridão em que deliro,
mas também sou os faróis que me incendeiam.
Sou as rochas que me estilhaçam;
ao mesmo tempo sou as águas implacáveis
que, pela erosão ou pela fúria,
as penetram e as partem ao meio.
Sou a coragem e sou o medo.

Caso me vires serena, não te enganes.
Caso eu pareça rasa, não te arrisques.
Eu sou os ventos sem destino
das tempestades que ilumino. 

Isabela Escher

  • O poema pode ser reproduzido desde que os créditos sejam atribuídos a autora, Isabela Escher, e que a reprodução seja na íntegra, sem modificações e não seja utilizada para fins comerciais.
  • Caso deseje conversar com a escritora, envie e-mail para: escher.isabela@gmail.com 



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